Opinião
Golpe de Estado em Tubarão!
Por Sergio Cruz Lima
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Tubarão, Santa Catarina, 13 de julho 1913, 11 horas da noite.
Os tubaronenses, da alma barriga verde, abrigados da temperatura hibernal e da chuva fina e fria que desaba sobre a cidade, dormem em suas residências no aguardo da segunda-feira e do trabalho semanal.
Um reduzido grupo de federalistas encapuzados e molhados até os ossos se comprime pelas esquinas da cidade fundada em 1870. Seu objetivo principal é atacar o jornal Gazeta do Povo, o mais antigo periódico de Tubarão e propriedade dos republicanos. A caminho da redação do jornal, o grupo encontra indivíduos embriagados que manifestam especial sobressalto diante de mascarados tão fortemente armados.
De inopino, o assalto! As caixas dos tipos de chumbo, material de que é composta e impressa a próxima edição, são esvaziadas, talhadas e esparramadas pelo chão. É o famoso "empastelamento". Enquanto as letrinhas de chumbo não forem redistribuídas, cada letra do alfabeto em sua caixa, a maldita gazeta republicana foi para o espaço, impedida de cumprir sua missão informativa.
Deixando a redação, entoando "vivas", o grupo federalista executa a segunda parte do plano e cerca a residência do diretor do jornal e do superintendente municipal, designação dada à época ao atual cargo de prefeito.
O coronel João Luíz Collaço, republicano de carteirinha, não estava em casa. Possivelmente avisado do evento, e sem possibilidade de defesa, dera no pé para Laguna. Fugira acompanhado de alguns assessores e do genro, João de Oliveira, também procurado pelo grupo federalista.
Ciente do ocorrido, ainda pela manhã, o governador Vidal José de Oliveira Ramos Jr, então no exercício do segundo mandato (1910-1914), do Palácio Rosado expede uma ordem de serviço e despacha um navio especial da Carlos Hoepcke, o Max, com cinquenta praças do Regimento de Segurança do Estado, para garantirem a ordem democrática ameaçada. À tarde, já na Cidade Azul, a força policial restabelece a ordem e a legalidade republicana.
A pequena tropa enviada de Florianópolis não encontra o mínimo rastro do grupo federalista e, muito menos, do prefeito João Luíz Collaço e de seu genro, João de Oliveira. Então, somente há um caminho: o retorno ao quartel na capital. Com as mãos abanando!
O coronel João Luíz Collaço, filho de Luiz Martins Collaço, o destemido Coronel Collaço, líder político regional, conta-se na cidade, que atualmente é importante polo regional catarinense com aproximadamente 110 mil habitantes, continuará no cargo em três gestões sucessivas até 31 de dezembro de 1922.
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